domingo, junho 29, 2008

Mulheres na cena

Na cena entre Bahia e Pernambuco, as experiências distintas de duas mulheres guerreiras e sensíveis. Enquanto a atriz Iami Rebouças voltou ao cartaz em Salvador com seu belo e premiado monólogo Umbigüidades (em curta temporada, dias 25 a 29 de junho e 03 a 06 de julho às 20h, no Teatro Martim Gonçalves, na Escola de Teatro da UFBA no Canela), a também atriz Fátima Braga revelou suas qualidades como dramaturga realizando no Recife leitura dramatizada da sua peça Carnaval em Olinda. A leitura aconteceu dia 21 de junho no Parque 13 de Maio, dentro do projeto Lendo Pernambuco. As fotos deste post são, respectivamente, de Sandra Delgado e da produção da leitura.


domingo, junho 22, 2008

Mucugê

Ao sul da Chapada Diamantina fica a cidade de Mucugê, outro importante núcleo do tempo dos garimpos. Com economia bem estruturada na pecuária e em produtos como a batata (tida como uma das melhores do mundo e exportada para vários países), o turismo vem ganhando espaço por conta dos óbvios potenciais locais: a beleza da região e da cidade, a arquitetura bem preservada e a identidade cultural expressa em detalhes que encontramos a cada esquina, como os ornamentos das igrejas e casarões seculares ou pequenas surpresas bem-humoradas como o carrinho-de-carregar-bêbado aguardando clientes num canto da praça principal. Esteja o turista sóbrio ou não, a verdade é que Mucugê é um lugar ótimo para se passear à pé, tanto de dia quanto à noite. A cidade já dispõe de pousadas bem equipadas de onde se pode partir para conhecer belezas naturais de fácil acesso (como o Projeto Sempre Viva, o rio Cumbuca e a cascata do Tiburtino) e uma culinária tradicional nordestina que flerta desinibida com influências estrangeiras (respire fundo e contemple as fotos do saboroso filé de traíra empanado - acompanhado com abacaxi, pimenta biquinho e passas - e da mousse de limão com calda de compota da mesma fruta, no restaurante "Sabor e Arte").





































































































domingo, junho 15, 2008

Lençóis

Lençóis foi a primeira cidade a despertar para as potencialidades turísticas da Chapada Diamantina e, por isso mesmo, tem atualmente a melhor estrutura para receber visitantes na região. Isso explica o fato de que, mesmo com o incremento turístico de cidades charmosas como Mucugê, Caeté-Açu e Andaraí, Lençóis continue sendo uma espécie de ponto de partida para a maioria das atrações da Chapada, mesmo aquelas que ficam em municípios a mais de cem quilômetros dali. Além de ser um lugar belo de dar gosto, pode-se dizer que o turismo resgatou a cidade. Hoje se vê o rico casario herdado dos distantes áureos tempos da mineração reerguer-se imponente e vivo. Tudo ali vem se valorizando pelo interesse dos turistas (especialmente estrangeiros) em imergir num cenário onde o tempo e a vida parecem ter ritmos, cores e valores peculiares ou - para usar a palavra exata - exóticos. Devido à rotina das excursões que partem pela manhã e retornam à tarde, a noite da cidade ganhou vida própria. As ruas ficam cheias de gente que, depois de um banho e um bom cochilo, simplesmente passeia pelas belas ruas da cidade ou se esbalda nos barzinhos e restaurantes ao ar livre. Como a maioria dos comerciantes é de gente que veio de fora e adotou Lençóis como lugar para viver, alí é possível ouvir boa música do mundo inteiro e desfrutar de toda uma multimatizada aquarela gastronômica que vai do beiju à nouvelle cuisine. Claro que isso tem um preço para os nativos. Não é fácil lidar com essa "invasão" cultural e assimilar a dinâmica de se comportar "como se deve" (se o turismo é um negócio, o turista é um cliente e, portanto, deve ser tratado como tal) sem que isso implique no risco de se "neutralizar" identidades. Para que isso não ocorra, a identidade local também precisa ser valorizada e cultivada do mesmo modo que se espera que a alegria ao receber o visitante seja genuína. Vencer esse desafio implica em fazer com que esse tal exotismo seja expressão do que é natural e verdadeiro para o povo da cidade, jamais o estímulo ao aparato falso de parque temático. A gente da Chapada tem tradição, história, cultura riquíssima. Quem é bobo de ignorar o valor e a força que isso pode agregar ao próprio turismo?















































































domingo, junho 08, 2008

Lapa Doce

Que tal visitar uma caverna? Localizada no município de Iraquara, vizinho a Lençóis, a gruta da Lapa Doce (1) é considerada pela publicidade local como uma "introdução ao universo subterrâneo da Chapada Diamantina". E isso é um fato. De acesso razoavelmente fácil, essa gruta traz em si um pouco de tudo o que as cavernas da região podem oferecer, desde as famosas estalactites (2) e estalagmites (3) a outros inúmeros espeleotemas (4) apresentando formas sempre surpreendentes (5). Porém, o que realmente lhe deixará de queixo caído não será a aparência bizarra da maioria das formações que ali existem, mas a escala monumental da própria caverna. Para ter uma idéia dessa escala, observe a árvore da primeira foto: ela tem uns vinte metros de altura. Ou então tente localizar nas fotos 3, 13 e 15 as figuras humanas que visitam esse cenário, construído pacientemente pela natureza ao longo de milhões de anos, gota a gota de água e pó.

(1) Na verdade trata-se de parte de um complexo que totaliza 28km de galerias, dos quais só 850m estão abertos à visitação.
(2) São formações que "crescem" a partir do teto, pelo acúmulo de sedimentos trazidos pela água que se infiltra pelo teto da caverna.
(3) Estas formações "nascem" do chão, pelo acúmulo de partículas das gotas que caem do teto.
(4) Termo que designa, de um modo geral, as formações encontradas no interior das cavernas.
(5) As cores vivas de alguns espeleotemas decorrem do desmatamento na superfície, que facilita a infiltração de pigmentos de argila colorida nas águas que gotejam no interior da caverna.


































































































































domingo, junho 01, 2008

Xique-xique de Igatu

Retomando as fotos da Chapada Diamantina, as imagens desta semana são da vila de Xique-xique de Igatu (BA), recanto de garimpeiros que, aos olhos de hoje, nem parece que já teve seus dias de efervescência. Por entre ruas estreitas, com suas casas com alma de pedra e pele de sonhos de riqueza pós-colonial, Igatu é um quieto povoado no meio da mata, mergulhado num caldo forte de lendas, lembranças e História, rescendendo a beleza e poesia.