As fotos que renovam o Liperama, depois de algumas semanas de jejum de posts, são do novo espetáculo do Coletivo Angu de Teatro. Trata-se de Rasif - Mar que arrebenta, baseado no novo livro homônimo do escritor Marcelino Freire, de quem o coletivo também já montou Angu de sangue. É bom que se diga que, descontada a poesia urbana de Freire e o efeito "soco-no-estômago/tonteio-no-juízo" de seu conteúdo, Angu e Rasif são obras distintas desde a matriz literária até o resultado na cena. Digamos - numa análise bem apressada - que, se a primeira peça era simples (jamais simplória) e direta (nunca óbvia), a segunda é complexa (sem ser hermética) e transbordante de camadas de leitura (jamais confusa). Ambas demonstram com felicidade o domínio de um encenador sobre sua matéria prima, no caso, Marcondes Lima - sem dúvida o artista da cena pernambucana mais ousado e completo desta década - que em Rasif não tem qualquer pudor em valer-se das provocações de Freire e, com seu elenco igualmente atrevido e talentoso, transitar desde as superfícies das múltiplas realidades recifenses até os abismos universais que tanto criam essas realidades quanto as utilizam para nelas se ocultar. Lima vale-se para tanto de inúmeros recursos cênicos, pertinentemente encaixados na ação e executados como partes de um organismo vivo, inclusive as magníficas projeções em vídeo criadas por Oscar Malta e Tuca Siqueira. Para se ver e rever e rever. No elenco, André Brasileiro, Arilsom Lopes, Fábio Caio, Ivo Barreto, Márcia Cruz e Vavá Schön Paulino.
Um comentário:
Que maravilha Felipe! Só hoje vi essa postagem. Delicada e atenta sobre esse trabalho tão significativo para nós do Coletivo Angu. As fotos são linda e dá um gostinho de querer fazer de novo. Sorte a nossa de já termos garantida uma nova temporado prevista para o início de 2011.
um beijo grande e afetuoso!
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