sexta-feira, dezembro 28, 2007

domingo, dezembro 23, 2007

Natal

Feliz Natal! É isso o que desejo para você que está lendo este post: que o seu Natal seja realmente muito feliz. A gente procura outras palavras, faz poesias, desdobra sentimentos, mas no fundo é só isso - e tudo isso - que se quer dizer, desejar, almejar: um Feliz Natal para todos nós. Não sei como é possível, não sei como garantir que isso se realize, mas sei desejar, sonhar e agir conforme minhas esperanças. É isto que faço agora, repetindo como um mantra, buscando a força e o significado original dessas palavras, escrevendo e pensando nelas e em todos com os quais compartilho esse mundo pequenino chamado Terra: Feliz Natal!


O Liperama celebra o Natal deste ano com a imagem de um dos presépios da coleção da atriz Geninha da Rosa Borges. Eles integram uma bela exposição montada na Torre Malakoff (bairro do Recife) com curadoria da arquiteta Séphora Silva, diariamente das 15 às 21h, até o dia 6 de janeiro de 2008.





domingo, dezembro 16, 2007

Elas

As fotos desta semana mostram um pouco do trabalho de estréia do ator Jorge Féo como diretor. Trata-se da peça Elas, interessante montagem onde quatro monólogos de autores diferentes (Eduardo Matos, Moisés Neto e Pedro Félix, Rosa Félix) se interpenetram na cena. Recorrendo às possíbilidades de flexibilização do espaço-tempo teatral, Féo propõe que quatro personagens ocupem o mesmo quarto simultaneamente sem que se dêem conta umas das outras. A peça mostra facetas possíveis a um universo típico de mulheres de classe média, independentes - ou quase - focadas a partir de situações-limite envolvendo jogos afetivos, conflitos familiares e desencantos cotidianos. Apostando na capacidade de quatro jovens atrizes (Chandelly Brás, Laís Vieira, Maria Odete Araújo e Paulina Albuquerque) em darem conta desse desafio que mixa múltiplas nuances emocionais num palco intimista (como é caso do Teatro Joaquim Cardozo), a encenação valoriza o trânsito entre a linguagem coloquial e a poesia que os quatro textos - e o próprio cotidiano - contêm. Colaboram para esse resultado um minuncioso, sensível e bem executado trabalho de interpretação associado ao bom uso do cenário do quarto, cheio de referências femininas que funcionam tanto como elemento concreto, físico, capaz de ordenar e dar segurança à ação das atrizes naquele espaço, quanto uma ponte entre o imaginário das personagens e o da própria platéia. E não se trata de uma experiência meramente voyeurista. São confissões consentidas, das personagens para a platéia cúmplice, em interpretações intensas, convincentes e mesmo surpreendentes, a julgar pela pouca idade das atrizes.

Creio que algumas marcas não-naturalistas merecem melhor elaboração e/ou organização na cena, bem como as intérpretes precisam adquirir mais segurança nos instantes em que as quatro se movimentam em cena ao mesmo tempo (não há muito espaço e, como o risco de choque é grande, a cautela transparece nas atrizes). Também é preciso cuidado com os picos emocionais, pois gritos, explosões de irritação, alterações bruscas de voz, tudo isso demanda do ator árduo exercício de precisão para que não soem forçados nem se distanciem do partido estético do trabalho. Ajustes a parte, que fique bem claro que estas observações são detalhes que não comprometem o ótimo resultado dessa proposta, ousada, cheia de vida e paixão. Poderia ainda escrever muito mais sobre detalhes bacanas que o espetáculo traz, desde a escolha - e o uso - de certos objetos de cena à própria fragmentação e recombinação dos quatro textos, que acabam por compor um todo aberto e harmônico. Mas acho até que escrevi demais, o que não é a proposta deste blog. Tudo bem. Me empolguei com o que vi, admito. Fiquei feliz de ver o trabalho desse diretor que estréia com o pé direito e de um elenco que sabe honrar o palco que pisa. Esse pessoal ainda vai dar muito o que falar...































































































































domingo, dezembro 09, 2007

A metamorfose

A célebre criação de Franz Kafka ganhou mais uma versão para o teatro através do Núcleo de Pesquisa do Teatro Experimental de Arte (TEA), de Caruaru. Nesta releitura Gregor Samsa, o homem que pouco a pouco muta-se em uma barata, não é o narrador da história. O destino do personagem nos é revelado pelas suas mãe e irmã, interpretadas por Juliana Cristina Soares e Geysiane Pereira de Melo. A direção de Fábio Pascoal reconstrói a claustrofóbica narrativa através de um ritmo lento e de silêncios preenchidos pela ansiedade das personagens, tornada visível através de cuidadoso trabalho de contenção de gestos e emoções. O desafio do minimalismo interpretativo assumido pelas duas jovens atrizes - no qual a Mãe mostra maior domínio - contrasta com a meticulosa reconstituição de uma copa, onde uma cafeteira ferve sobre a chama azulada de um fogão real. A ação que se dá em semelhante cenário evoca a apatia, as grandes dores e pequenos prazeres da intimidade burguesa, bem como o que disso nos toca a todos. Belo e inquietante, este A metamorfose não trai a obra que o originou.

























domingo, dezembro 02, 2007

Poemas Esparadrápicos

Belo espetáculo do núcleo pernambucano dos Doutores da Alegria, Poemas Esparadrápicos foi uma montagem realizada antes do Dramalhaço, que já apareceu neste blog. Ao contrário desta última, mais voltada para o imaginário de um público adulto, Poemas arrasa na ludicidade e nas referências de uma infância imortal, construindo uma peça-musical-de-variedades-e-muita-criatividade. Simplesmente deliciosa e eficaz: com adultos e crianças. Fez muito sucesso por aqui e eu, por estar na Bahia, não tinha visto até hoje, quando eles se apresentaram na 1a. Mostra Capiba de Teatro. Mandei um comentário detalhado para o TeatroPE , onde deve sair por esses dias, por isso, além das 11 fotos, vou me limitar a dizer por aqui que o trabalho foi concebido e dirigido por Fernando Escrich (que também criou a iluminação do espetáculo e as músicas), tendo no elenco Arilson Lopes, Enne Marx, Luciano Pontes, Nicole Pastana e Ronaldo Aguiar, além da participação perfeitamente integrada dos músicos Adriana Milet (viola) e Gustavo Vilar (flauta). Muito bom mesmo. Mereceram todos os prêmios que ganharam por aqui. Tomara que voltem ao cartaz em novas temporadas.





































































domingo, novembro 25, 2007

Avoar no Armazém

"Por mim não, borboleta, você pode avoar".
Impossível não sair cantarolando esse já clássico refrão depois de assistir Avoar, cuja montagem comemorativa (20 anos de estréia da encenação do querido diretor pernambucano José Manoel) estreou ontem no Teatro Armazém. Escrita por Vladimir Capella, reúne em cena, mais uma vez, Carlos Lira, Célio Pontes, Cira Ramos, Flávio Santos, Ivone Cordeiro, Otacílio Jr. e Rudimar Constâncio. Sim, quase todos os integrantes do elenco original voltaram ao palco para reviver os papéis que fizeram há duas décadas. Digo quase, porque Paulo de Pontes e Kátia Cris não puderam participar por que hoje moram longe do Recife (no lugar deles, Daniela Travassos), Paulinho em Sampa e Kátia em Cajazeiras (PB).

Mais atual do que quando estreou (há vinte anos Recife não era tão violenta quanto hoje), a peça fala da possibilidade de se abandonar o individualismo sombrio e introspectivo a que parece nos induzir a vida nas metrópoles. Avoar rememora o gosto pelo brincar puro e simples, que já nasce conosco e não custa nada - mas pode ser esquecido, sufocado nos labirintos de concreto, medo e solidão. Bom registrar que esse espetáculo, pela sua poesia, beleza, força e simplicidade, marcou meus primeiros anos como ator - nunca tinha chorado de emoção numa peça infantil até assistir Avoar. Se os anos não parecem ter passado para o elenco, a montagem está enxuta, vívida, segura, apesar de sofrer com a atual precariedade das instalações do Armazém, o maior e mais importante teatro alternativo do Recife. E me pergunto o que está acontecendo ali? Onde está o apoio àquela mulher batalhadora, a atriz e produtora Paula de Renor, que criou e manteve por tanto tempo esta sala de espetáculos que, infelizmente, hoje parece parada no tempo no espaço?

Morei dois anos na Bahia e me chamou a atenção a discrepância entre os teatros recifenses e a estrutura teatral que Salvador tem hoje. Comparados com as salas de espetáculo de lá - numerosas, bem cuidadas e equipadas - os nossos poucos teatros de médio porte chegam a fazer vergonha. Em Salvador existem pelo menos dois complexos culturais ligados à cena, como o Teatro Vila Velha e o Teatro XVIII, com espaços múltiplos, sempre lotados, programação intensa (espetáculos, cursos, oficinas, grupos residentes) e bem divulgada o ano todo. Salvador tem várias salas de formatos e tamanhos variados espalhadas pela cidade, como as do SESC, SESI, ACBEU, ICBA, Xisto Bahia, Aliança Francesa e o recentemente inaugurado Teatro Martim Gonçalves (UFBA), dentre outras tantas, incluindo (ótimos) teatros de grandes escolas e universidades particulares.

O fato é que é preciso lembrar sempre que Teatro não pode dar o mesmo tipo de lucro que outras atividades artísticas. O lucro do teatro - incalculável, diga-se de passagem - se reflete na dinâmica da construção de cidadãos e no fortalecimento de nossa identidade enquanto povo. Um povo que se crê fraco não tem força para sonhar e realizar alto, fica só na falácia, na hipocrisia, corrompe-se com facilidade, morre em vida. Para evitar tudo isso, qualquer investimento para se apoiar o Teatro vale a pena, desde que se saiba o que realmente se quer de um povo. Já não chega dessa agonia? Se nosso empenho diário enquanto artistas nunca terá fim, isso não impede que tentemos achar modos de reconquistar público, políticos e empresários, cutucar esse povo mortificado e iludido com tanta aparência vazia, sair da dor que não nos pertence e fazer festa. Enfim, reaprender a avoar.





















































domingo, novembro 18, 2007

Jogo do Ilimitado

Próxima quinta, dia 22 de novembro, tem o coquetel de lançamento do livro Jogo do Ilimitado - Dissolução dos limites de tempo e espaço na dramaturgia de João Falcão, a partir do conteúdo da minha dissertação de mestrado, com prefácio da dramaturga Cleise Mendes e orelhas do ator e encenador José Manoel. Incluído numa iniciativa mais que louvável do SESC Piedade, de publicar a recente produção teórica sobre artes cênicas no Estado, o evento também abrange o lançamento do livro Circuito Pernambucano de Artes Cênicas - Um diagnóstico, do dramaturgo e gestor cultural Romildo Moreira. Estão todos convidados: a partir das 19 horas, no SESC Piedade.



Aniversário 2007

Cenas do aniversário improvisado, cedinho, feito festa de criança (com visitas, abraços, presentes, bolo gostoso, coxinha, guaraná e "parabéns pra você" com vela e tudo), meio de surpresa, no meio do cansaço de um feriadão de trabalho, no cenário da bagunça festiva de um monte de livros que ainda esperam a hora de irem para as estantes daqui de casa ou de outras bibliotecas.















domingo, novembro 11, 2007

Sertão verde

Sertão não é deserto e cacto também dá flor. O guia falou que as manchas de matagal cinzento com cara de coisa morta eram plantas caducifólias, que perdem as folhas para suportar a seca. E disse que bastava uma chuvada para que, de um dia para o outro, o jeito defunto sumisse no verdejar. Para um mundo caducifólio de tanta coisa, fico imaginando que tipo de chuva precisaríamos para mudar essa paisagem de sertões de cimento e histeria coletiva.