Edjalma Freitas e Henrique Ponzi interpretam respectivamente o coveiro e Hamlet, personagens que compartilham a mesma cova na peça Encruzilhada Hamlet, escrita e dirigida por João Denys de Araújo Leite, que também assina a cenografia e os figurinos do espetáculo. Príncipe e vassalo em suas visões opostas, cruzam caminhos nos domínios da morte, revisando e confrontando a complementaridade de suas existências. Um trabalho desconcertante que reafirma o talento de Denys como grande encenador e contador de histórias, mantendo seus dois atores num cubículo e projetando a ação para além da restrição espacial explicitada pela cenografia. Assim, longe de ser enfadonho, Encruzilhada Hamlet leva a platéia a tomar como ponto de partida a impressão primeira e recorrente da imobilidade típica da morte para depois, aos poucos, deixar que cada espectador se depare com a constatação de que a vida verdadeira só se manifesta em gozo, unidade, infinitude, luz e transcendência. Certamente que algumas metáforas contidas na peça podem ser incômodas. Num mundo que oferece tantas possibilidades de nos agarrarmos a ilusões de estabilidade, é difícil aceitar ver que é possível morrer em vida pelo simples fato de se deixar imobilizar pelas circunstâncias. Belo trabalho.
Coordenação de produção de Edjalma Freitas, preparação de corpo de Miriam Asfora, iluminação de Saulo Uchoa, maquiagem de Marcondes Lima, preparação vocal de Rose Mary Martins e trilha sonora de Naná Vasconcelos.
domingo, outubro 25, 2009
segunda-feira, outubro 12, 2009
A arte do brincador
A arte do brincador é o título do livro do querido multiartista Marcondes Lima que, ao analisar o sistema de representação utilizado pelos artistas do Mamulengo e do Bumba-meu-Boi, contribui para que esse saber possa ganhar mais espaço como recurso de aprendizagem e de valorização do indivíduo e das experiências coletivas, tanto nas escolas quanto além delas. A obra baseia-se na dissertação de mestrado que o autor desenvolveu na UFBA e foi lançada sábado passado (11/10) pelo SESC-Piedade, dentro da Terceira Mostra SESC de Teatro de Formas Animadas. Vale dizer que a referida Mostra está homenageando o Mão Molenga Teatro de Bonecos, importante grupo local do qual Marcondes foi um dos fundadores, juntamente com sua mulher, a jornalista e videasta Carla Denise (na terceira imagem, ao lado da arte-educadora Kyara Muniz, colaboradora frequente do Mão Molenga), o ator e arte-educador Fábio Caio e a psicóloga e arte-educadora Fátima Caio. Exímios bonequeiros, você pode saber mais sobre esses artistas geniais em outro post aqui do Liperama: basta clicar aqui. Nas demais fotos, aspectos da exposição sobre o Mão Molenga montada pelo SESC-Piedade, com alguns dos bonecos do grupo, inclusive os belos personagens feitos com barbante para a ainda inédita montagem de "O fio mágico".
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domingo, outubro 11, 2009
Apareceu a Margarida!
Na verdade apareceram três Margaridas. É que, na proposta do encenador José Francisco Filho, três atores se desdobram para dar corpo à neurótica, ensandecida, assustadora e, sobretudo, gozadíssima professora da obra de Roberto Athayde. Aqui ela é interpretada pelos endiabrados Aurino Xavier, Eduardo Japiassu e Flávio Luiz. O texto é de 1973 e celebrizou-se por usar o universo da sala de aula para expor o autoritarismo do regime militar. É verdade que, apesar dos cuidados da produção e direção, o texto ainda soa datado como exposição de um contexto. Contudo, visto como uma metáfora sobre a dinâmica da "formação de opinião" que se generaliza através dos meios de comunicação, é extremamente atual. Assim, mesmo que possa aparentar ser apenas um pretexto para instantes de diversão descompromissada propiciada pelo talento dos comediantes da Trupe, a força do seu conteúdo deixa muito o que pensar. A produção é da Trupe do Barulho, grupo que em 2009 completou 18 anos. A peça também conta com a participação especial do ator Jô Ribeiro e está em cartaz no Teatro do Parque, às sextas, 20h.
quinta-feira, outubro 08, 2009
Hades e Coiteiros no Rio
Este mês tem leitura dramatizada de Coiteiros de Paixões e Hades no Rio de Janeiro, num projeto da Cia de Teatro Cordão Encarnado. São dois textos pelos quais tenho carinho especial, pelo modo como usam circunstâncias inusitadas para expor, sem enfeites, questões como convivência, preconceito e sexualidade. Em Coiteiros de Paixões, vemos um recorte na vida de um grupo de cangaceiros temidos até mesmo por Lampião. Em Hades, os deuses gregos são um pretexto cômico para mostrar que a palavra Amor pode não significar o mesmo para todos. As leituras acontecem nas quintas-feiras 15 e 29 de outubro às 21h, no Teatro Gláucio Gil (Praça Cardeal Arco Verde s/n°, Copacabana, ao lado da estação de metrô Cardeal Arco Verde, fone 21) 25477004. A entrada é franca. No elenco, Alan Pelegrino, Ângelo Mayerhofer, Daniela Tibau, Eliane Luna, Gleydson Costa, Joelma Paula, Júlio Wenceslau, Reginaldo Celestino e Sandro Arieta.
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