sexta-feira, outubro 20, 2006

Vício

A beleza da natureza vicia e, se a gente deixar, liberta.

8 comentários:

Anônimo disse...

Vício libertador??? Que paradoxo, hein fiii!! :) Bela foto!

Luiz Felipe Botelho disse...

É um paradoxo, sim, Léo. Mas, na realidade creio que o que pesa mesmo nesse lance é o "se a gente deixar"...

Tem um gibi do Arno e do Jodorowsky chamado "As aventuras de Alef Thau" onde o herói se vê preso por uma mão gigantesca que o aperta tanto mais ele tenta se livrar dela. Três sábios aparecem e um deles diz que a mão o soltará se ele resolver o seguinte enigma: "quando é que a mão que te prende é a mesma que te liberta?" Alef Thau pensa em voz alta: "Ora, só se essa mão me pertencesse". Essa era a resposta. Os três sábios dizem, em coro: "Esta mão, de fato, te pertence". E desaparecem, assim como a mão gigante, libertando o herói.

Esse papo me lembrou também uma situação vivida na minha família, sobre vício e liberdade.

Conheço uma menina que, quando era criança, teve que sair na chuva para ir buscar o pai que tinha ido beber sua dose diária num bar perto de casa. No caminho, embaixo do maior temporal, deparou-se com o pai caido na calçada, meio corpo na sarjeta, banhado pela água suja da enxurrada. A menina acordou o pai com dificuldade e, sem conseguir parar de chorar, ajudou-o a cambalear até sua casa. No dia seguinte, quando acordou, a mãe contou para o marido o que tinha acontecido. Ele amava muito aquela filha e ficou horrorizado com o que acontecera. Aos prantos ele chamou a menina, pediu-lhe perdão e disse que nunca mais beberia novamente. Ele era alcoólatra, mas desde desse dia até a sua morte, trinta e cinco anos depois, ele nunca mais bebeu.

Essa história de vício sempre me toca fundo. Tenho vários parentes na minha família que morreram por causa do alcoolismo. Poucos conseguiram se libertar disso.

Abração

Anônimo disse...

Que coisa, Felipe!! Excelente a ____________ :( Camarada, meu Português está indo pro saco! Fiquei uns três minutos olhando para a tela aí em cima tentando me lembrar da palavra que queria usar... até agora não consegui... a mais próxima é conto. Então, belo conto. Prisões que a gente mesmo cria são prisões assim mesmo. O difícil é enxergar nossa responsabilidade nesta criação.

Sou meio estúpido para certas coisas. Não tenho muita paciência com vícios fisiológicos/dependências químicas que criamos para nosso próprio mal enquanto temos plena consciência deste fato. Sei dos fatores psicológicos, mas mesmo assim... De qualquer forma é sempre muito triste e às vezes devasta não só a vida do viciado mas de todos que o cercam. (Talvez por isso, minha falta de paciência).

Cada vez que identifico um "prisão invisível" criada por alguém para si mesmo é inevitável elocubrar sobre as minhas próprias...

[]s

Ana disse...

Viciar em liberdade...

É grave??

;)

Luiz Felipe Botelho disse...

Olha, Léo, acho que tu te comunicas muito bem. A palavra não foi escrita mas deu para sentir o que você procurava dizer. :)

Pois é, meu brother, a gente reage conforme as coisas tocam a gente. É por isso que as vezes tu vês algumas pirações por aqui, porque eu fui provocado por algo que vi ou senti e joguei a reação na foto, no texto. É bom, porque fica mais fácil de ver essas coisas do lado de fora. Dentro fica misturada com outras coisas, a confusão é grande...

[]ão

Luiz Felipe Botelho disse...

Se viciar em liberdade é grave?
Que sinuca de bico!
Olha, Aninha, acho que depende do que se for fazer com essa liberdade.
:D

paty disse...

Vício nunca é saudavel não é mesmo Lipe? lendo teus comentários, vi o problema que se assolou em sua família(histórico de vícios), isso é um problema muito triste mesmo.Tmb tive coisas parecidas na família.bjos

Luiz Felipe Botelho disse...

Oi, Paty!
Pois é, esse lance é mais comum do que a gente imagina, Paty. Acho que é porque, como tantas outras coisas, não é o tipo de assunto que a gente se sinta a vontade para sair expondo por aí, não é?
Bjão