domingo, fevereiro 11, 2007

Velas



















Corra, não pare,
não pense demais
repare essas velas no cais
que a vida é cigana.
...
Geraldo Azevedo

4 comentários:

Anônimo disse...

vidinha simples, vidinha boa...

Luiz Felipe Botelho disse...

Falou, Léo. Simplicidade é uma grande chave pra solução de um montão de coisas.

Aleksandra Pereira disse...

1.
Com tanto navio para partir
minha saudade não sabe onde embarcar...

2
A água comove a pedra
que parece fremir levemente.
Na oscilação breve das marolas
Há homens malogrando olhares
vagos, indecisos, alongados.

3.
(Completa ausência de tempo.
O calendário se desfaz
nas sombras, na brisa e na anatomia
recortada do estuário...).


Cambía todos os tons
esta angústia à flor da água.

4.
Não há gaivotas nem quaisquer
outros pássaros oceânicos.
Todavia, aquela espuma brilhante
sugere o roçar logo de algum.

5.
Vem do passado a romântica
sugestão de velas pandas.
Itinerários de descobertas,
roteiros de constelações,
ilhas remotas habitadas
por estranhos povos inocentes
--- pele morena, olhos ariscos,
porte severo, movimentos puros
de corpos ao vento e ao sol.

6.
Sirene arrepiando
a epiderme do meio-dia.

7.
Silenciosamente pesados
firmam-se nas horas os navios,
fortuitos donos do porto,
transitórios proprietários
de metros de alvenaria
que fazem maior a tristeza
da imensa nostalgia portuária.

Ah! receber todos os adeuses,
todos os abraços, todos os olhares
de ida e volta e permanecer
ancorado na paisagem imutável.


Narciso de Andrade, poeta santista, apaixonado pelo mar e pelo porto, uma pessoa queridíssima que tenho a honra de conhecer e espero que tenha seu talento devidamente reconhecido ainda em vida.

Beijo.

Luiz Felipe Botelho disse...

Como deves saber, Alê, amo o mar, as praias e embarcações. Ler a poesia do Narciso além de ser uma ótima surpresa foi uma experiência de reconhecimento e muita emoção. Sei exatamente do que ele fala.
Te agradeço, minha linda.
Beijo