1. Com tanto navio para partir minha saudade não sabe onde embarcar...
2 A água comove a pedra que parece fremir levemente. Na oscilação breve das marolas Há homens malogrando olhares vagos, indecisos, alongados.
3. (Completa ausência de tempo. O calendário se desfaz nas sombras, na brisa e na anatomia recortada do estuário...).
Cambía todos os tons esta angústia à flor da água.
4. Não há gaivotas nem quaisquer outros pássaros oceânicos. Todavia, aquela espuma brilhante sugere o roçar logo de algum.
5. Vem do passado a romântica sugestão de velas pandas. Itinerários de descobertas, roteiros de constelações, ilhas remotas habitadas por estranhos povos inocentes --- pele morena, olhos ariscos, porte severo, movimentos puros de corpos ao vento e ao sol.
6. Sirene arrepiando a epiderme do meio-dia.
7. Silenciosamente pesados firmam-se nas horas os navios, fortuitos donos do porto, transitórios proprietários de metros de alvenaria que fazem maior a tristeza da imensa nostalgia portuária.
Ah! receber todos os adeuses, todos os abraços, todos os olhares de ida e volta e permanecer ancorado na paisagem imutável.
Narciso de Andrade, poeta santista, apaixonado pelo mar e pelo porto, uma pessoa queridíssima que tenho a honra de conhecer e espero que tenha seu talento devidamente reconhecido ainda em vida.
Como deves saber, Alê, amo o mar, as praias e embarcações. Ler a poesia do Narciso além de ser uma ótima surpresa foi uma experiência de reconhecimento e muita emoção. Sei exatamente do que ele fala. Te agradeço, minha linda. Beijo
4 comentários:
vidinha simples, vidinha boa...
Falou, Léo. Simplicidade é uma grande chave pra solução de um montão de coisas.
1.
Com tanto navio para partir
minha saudade não sabe onde embarcar...
2
A água comove a pedra
que parece fremir levemente.
Na oscilação breve das marolas
Há homens malogrando olhares
vagos, indecisos, alongados.
3.
(Completa ausência de tempo.
O calendário se desfaz
nas sombras, na brisa e na anatomia
recortada do estuário...).
Cambía todos os tons
esta angústia à flor da água.
4.
Não há gaivotas nem quaisquer
outros pássaros oceânicos.
Todavia, aquela espuma brilhante
sugere o roçar logo de algum.
5.
Vem do passado a romântica
sugestão de velas pandas.
Itinerários de descobertas,
roteiros de constelações,
ilhas remotas habitadas
por estranhos povos inocentes
--- pele morena, olhos ariscos,
porte severo, movimentos puros
de corpos ao vento e ao sol.
6.
Sirene arrepiando
a epiderme do meio-dia.
7.
Silenciosamente pesados
firmam-se nas horas os navios,
fortuitos donos do porto,
transitórios proprietários
de metros de alvenaria
que fazem maior a tristeza
da imensa nostalgia portuária.
Ah! receber todos os adeuses,
todos os abraços, todos os olhares
de ida e volta e permanecer
ancorado na paisagem imutável.
Narciso de Andrade, poeta santista, apaixonado pelo mar e pelo porto, uma pessoa queridíssima que tenho a honra de conhecer e espero que tenha seu talento devidamente reconhecido ainda em vida.
Beijo.
Como deves saber, Alê, amo o mar, as praias e embarcações. Ler a poesia do Narciso além de ser uma ótima surpresa foi uma experiência de reconhecimento e muita emoção. Sei exatamente do que ele fala.
Te agradeço, minha linda.
Beijo
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