Herdeiro da nobre linhagem de besouros aviônicos, o navinseto anuncia o mico aéreo que paguei e que está hoje aqui narrado atendendo à convocação do Leonardo do blog Indizível e seu novo projeto Mico publicável. Leia o mico liperâmico após a foto do navinseto.
Eu tinha catorze anos, vinha de Belém para Recife num avião com meu pai. Em Fortaleza, última escala da viagem, entraram vários artistas que haviam feito um show naquela cidade. Lembro de Chacrinha e de Wanderléia passando pelo corredor.
Naqueles anos eu enjoava muito quando andava de avião, especialmente em viagens longas. Até ali eu estava bem. Achei que ia chegar no Recife sem problemas, mas quando o avião começou a descida, passando por dentro das nuvens, balançando e dando aqueles sobroços frios na barriga dos passageiros, procurei o saquinho de plástico e vomitei. Era, porém, um saquinho com o fundo furado e o líquido vazou no meu colo, na cadeira, na minha calça, o caos. Papai sorriu, pediu calma, chamou a aeromoça. Ela trouxe toalhas, sorrisos e mais saquinhos. De vez em quando voltava e perguntava se estava tudo bem. Não estava. Mas eu não falei isso para ela.
Minha calça marrom tinha ficado com uma área escura indicadora de umidade justamente nas partes mijantes, cagantes e adjacências. E o avião estava pousando, aquela umidade não ia secar assim. O avião pousou. Torci para abrirem também a porta de trás, como aconteceu em Fortaleza. Claro, pois estávamos sentados quase no fundo do avião e, se a saída fosse pela frente, eu teria que cruzar todo aquele corredor, desfilando evidências que poderiam dar a impressão de que eu havia me borrado todo. E eu só vomitei.
Acontece que mico que é mico, quando se instaura não tem apelação e no Recife resolveram abrir somente a porta dianteira. Lá fui eu, com meu pai na frente - eu pedi a ele - para ver se me escondia um pouco: não sei porque eu me sentia mais envergonhado de parecer ter me urinado do que dar a idéia de que havia me cagado todo. Seguro da eficiência do escudo paterno, comecei a me sentir menos desconfortável, apesar de sentir a calça molhada arranhando minha virilha. Ajudava também o fato de que tinha muita gente saindo na escala, o corredor estava cheio, todo mundo se emprensando e eu pensava: "ninguém vai ver nada na minha roupa nesse vuco-vuco". Porém, lá perto da porta de saída, na primeira classe, vi emergindo altaneiro do encosto de uma cadeira, o cabelão armado cor-de-fogo da Wanderléia.
A luz do sol entrava forte pela porta aberta e a fila parecia mais frouxa naquela área. Entendi que, ao passar por ali, eu certamente ficaria muito mais exposto. Ah, eu nem olhava para os lados. Pelo canto do olho via aqueles cabelos ruivos se aproximando, meu coração aos pulos, acho que eu nem estava respirando. Passei junto da Wanderléia dando um jeito para a minha valise à tiracolo esconder a umidade do traseiro e, quando pensei que tinha conseguido me livrar daquele mico interminável, ouvi uma voz feminina com sotaque carioca comentando com alguém: "nossa, aquele ali se vomitou todo, olha esse cheiro, ai, coitado, que horror!"
39 comentários:
Hahahahahaha!!! Ihhhh Felipe! Se preocupou tanto com o contato visual que acabou se esquecendo de pedir à aeromoça um perfuminho prá despistar. hehehehehe...
Bom, pelo menos ela sacou que era vômito! Eca!!!!!!!! :D
Abração!
kkkkkkkkkk, chorando aqui de tanto ri Lipe.E sobre o guru eu conheço sim a analogia feita da borboleta e ele.Simbolos de transformação, renascimento espiritual.Muito dez.Beijos
Ei Paty,
Como é que faz prá você participar do "mico publicável" sem blog?? Gostaria de participar de algum jeito?? Seria legal...
Eu já tive uma caganeira numa excursão de colégio. Mas esse mico é impublicável...
Beijo!
Realmente, Mariana, me lembrei dos meus micos em viagens, mas são mesmo impublicáveis. Nós, mulheres, ainda possuímos um adicional mensal pertinente ao gênero, que já me fez passar por cada uma!
Lipe, querido, que bom que já ficou lá atrás, né, mas mico que é mico, publicável ou não, é inesquecível...
beijo
Ahhhh Mari... Solte a franga!!!
Sócio,
Não vi comentário seu lá no Indizível, mas queria sugerir prá você dar uma olhada (quando tiver tempo) no último podcast porque pensei em você e suas fotos direto, assim que vi o Photosynth.
Abraço,
Oba leo!!!! Fiquei saltitando aqui de alegria.Gadinhu....
meu endereço
http://paty-peregrina.blogspot.com
Oi estou adorando este blog, desejo linka-lo e assim poder voltar mais vezes.
Soltando a franga quase em off:
numa excursão de colégio, fui no banheiro do ônibus de madrugada. Tinha 13 anos e muita vergonha das pessoas verem que eu estava indo lá, então evitava ao máximo, nunca tinha usado a tal 'casinha', mas tava mesmo necessitada.
Entrei, fechei a porta, baixei as calças, agachei... e a porra da porta abriu.
Fiquei lá, gelada, sem poder me levantar, de calça arriada. Não fiz barulho porque tinha medo da galera toda ouvir, o mico era pior.
Alguém empurrou a porta de volta, eu levantei, respirei fundo e saí, na esperança de alguma discrição.
Andei de mansinho, sentei de volta na minha cadeira... e 41 moleques pularam de repente, zoando da minha cara.
A natureza é misteriosa, Léo. Seja fedor ou perfume, quando eles vêm da gente, o risco é se acostumar. Os outros é que notam. :)
Abção!
Quero ver seu mico, Paty!
Beijos!
Caganeira em colégio é mico clássico, Mari! Tb tenho uma assim, mas fica pra outro dia.
Beijo!!!!!!!!!
E põe inesquecível nisso!
Que vergonha que eu senti! O pior do mico é não ter onde se esconder.
Beijão
To ligado - e curioso - no novo podCast, sócio. Eu vou lá ainda hoje, com calma.
Abração
Olá, Rosa Vermelha!
Que bom que estás gostando destas paragens liperâmicas.
Seja bem vinda e venha quando quiser.
Ahahahahah!
Ah, Mari, a tua parece com a minha! Amanhã eu conto, ok? Hoje tá ruço.
Beijão!
Lipe, segunda eu vou conferi isso com o léo,huhu
Mininu Felipe
Nossa, passo uns dias sem aparecer e, quando volto, dou de cara com essas FAUNAS todas, de insetos chiquérrimos (a-do-rei o post das formigas em um business meeting e o da mariposa vestindo um fashion casaco de pêlos) a MICOS publicáveis. Um zoológico inteiro pra apreciar e a gente se colocando em gaiolas, querendo entender essas lógicas da vida...
hahahhaha
Ahnnn, essa sua estória é terrível, fiquei com dó... hehehhe
Beijim,
Tommy
É um lado zoolipe de ser, Tommy (como diria Cynthia Cynthiorama). Bom te ler. Estava sentindo sua falta por aqui.
Beijão
Ahá, Paty!!!
Vou ficar de olho!
Bjão!
Perfuminho pra despistar, Leo? vômito cheiroso..??? vixe....rs
Pois é, Vivien... dá-lhe Bom Ar!!!
Eca!!!!!!!!! kkkkkkkk
Até tú, sócio?!?!?!? :-/
Não... ajude aí a passar a corrente prá frente!!! :D Quem são seus convidados?? ;)
Oxe, Léo? Falando sério?
Mas tu já convidaste todo mundo que eu pensei em convidar! Não conheço mais ninguém que tenha blog além daqueles que estão no Sonho Impossível.
Abração
Oh, céus...
Pobre Lipinho, menino, morrendo de vergonha...
Sem falar no mal estar...
Mas teu jeito de contar é hilário! prova de que não restou nenhum trauma! Heheheheh!
Ué Felipe, vale sim trazer os não blogueiros prá roda!! :D Quem sabe isto não vira rito de iniciação para eles?? ;D
Abraço,
Ficou trauma, não, Aninha. Hoje eu me lembro e acho a maior graça.
:D
Então convido desde já, por ordem alfabética, as ainda não-blogueiras, Cidinha, Patrícia e Tommy para participar do Mico Publicável, enviando seus micos para os comments do Liperama e indo até o Indizível para registrá-los. Da minha parte, me responsabilizo de postá-los na página principal com uma foto que tenha a ver com cada mico.
E priu!
Abração
Lipe!
Miquinho básico... a não ser , lógico, pela idade. Com 14 tudo é supervalorizado, não?
abço
Certamente, Zeca!
Já não bastava a adolescência, época que por si já parece trazer o estigma do mico. Era um tempo em que eu esbarrava em tudo, derrubava pratos, entornava água, tropeçava nas pessoas, pisava no pé das parceiras de dança, tão desajeitado que era e pouco familiarizado com o "novo" corpo. E era novo mesmo, pois dos 13 para os 14 anos passei de 1,50 para 1,86 e me sentia um bicho estranho mesmo. Sem falar em outras novidades como as indisfarçáveis ereções que vinham de repente, as vezes nos passeios com a família, mãe, irmã, amigas da irmã, e eu tinha que inventar mil formas pra evitar a "exposição". :D
Beleza, Felipe! Tomara que suas convidadas não blogueiras participem!!
Lipe, querido,
puxei pela memória, e me lembrei de um mico que me esforcei para esquecer. Tá lá no blog.
Beijo
Nossa eu também vivo a mercê de minha necessidades fisiológicas e patológicas. A maioria impublicável, como disse a mariana!
Huuum, Mininu Felipe...
Será que vou ter "coragem" de divulgar? Sou expert em dar "bolas-fora"...
Vou tentar lembrar de uma bem boa... e que seja "publicável"...
Beijim,
Tommy
Falou, Léo. Vou ficar cutucando elas para encararem o lance.
Xacomigo.
Vou lá ver, Alê!
Esse lance de mico é um poço sem fundo de histórias! Eu tb já me lembrei de um monte. Se eu criar coragem, eu tb conto.
Bjão pra ti
Ahá, Tita!
Por isso você colocou um "micolai" no "eu não sei, você sabe"! E a preparação foi tamanha que eu ainda achei que ia ter um gran finale cocozal. Mas gostei do anti-clímax. E vou torcer para você contar outros.
Muito legal teu blog. Vou linkar para visitar mais vezes.
Tommy, estou contando com sua honrosa participação nesta heróica empreitada micante!
E relaxe numa boa: bola fora só é problema em campo sem gandula. Vou ficar no seu pé até ver seu mico pulando por aqui! :D :D :D
Beijos!!!
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